O Rio+20 foi o evento que mobilizou todo o Brasil, e que
reuniu representantes de 193 países. O evento, cuja sede foi na cidade do Rio
de Janeiro, tinha como principal objetivo discutir e encaminhar ações em defesa
do desenvolvimento sustentável e de uma economia verde para o estado atual do
modo de produção capitalista.
Passaram-se 20 anos após a ECO-92, que foi um evento deste
mesmo caráter, realizado em 1992, também no Rio de Janeiro, e que previa
medidas para conter a destruição do meio ambiente e erradicar a miséria no
mundo, porém cujas medidas decididas não foram postas em prática para resolver
esses problemas. Com o Rio+20 a história parece se repetir.
O evento foi finalizado com a emissão de um documento sob o
título “O Futuro que Queremos”, onde
os representantes dos países que participaram da reunião expuseram os problemas
ambientais enfrentados mundialmente. Contudo, o evento não foi capaz de trazer
medidas práticas para problemas que demandam soluções urgentes, como a
erradicação da fome e da miséria – problemas de grandes proporções num mundo
onde a produção de alimentos é suficiente para suprir as necessidades de todos
os seres humanos. Além disso, as medidas tiradas para pôr em prática o
desenvolvimento sustentável, sob os pilares do social, ambiental e econômico,
não expressam nenhum comprometimento dos envolvidos.
Mas afinal, o que o Rio+20 tem a ver com o estado terminal
do sistema capitalista?
O sistema capitalista de produção passa por uma crise de
paradigma do valor, onde o contínuo avanço da tecnologia, renovando os meios de
produção (trabalho morto) toma cada vez mais o lugar da mão-de-obra do
trabalhador (trabalho vivo), que é o que atribui maior valor à mercadoria e de
onde se extrai a mais-valia. Diante deste fato, fica cada vez mais difícil se mensurar
o valor de uma mercadoria, pois este é determinado pelo tempo socialmente
necessário de trabalho exercido pelo trabalhador para produzi-la e se cada vez
mais usamos tecnologia e máquinas e menos trabalho humano, isto provoca uma
crise de paradigma na mensuração do valor, que agora transita entre o tempo de trabalho
socialmente necessário para a produção de uma mercadoria e o tempo de trabalho
social livre. Diante desses fatores, a tendência é de contínua queda da taxa de
lucro.
Nos países imperialistas, onde os meios de produção estão
mais desenvolvidos, a matéria-prima é escassa e a mão-de-obra já não se faz tão
necessária dentro das fábricas como antes, a única saída para esses
capitalistas é investir na exploração de novas fontes de mão-de-obra, de
matéria-prima , explorar novos mercados e estender sua dominação pelo mundo. As
grandes potências como os Estados Unidos, Alemanha, Japão e Inglaterra, para
manterem seus impérios e monopólios, não adotam medidas de preservação do meio
ambiente efetivas, pois isto interferiria no seu processo de produção e
significaria uma diminuição na sua taxa de lucro e no seu capital. Por isso,
para manter o lucro da produção e seus impérios, recorrem aos países “subdesenvolvidos”
economicamente (ou superexplorados), e impõem suas ações se disfarçando com uma
roupa verde e utilizando o discurso do “ecologicamente sustentável” de uma
economia verde neoliberal.
Sendo assim, o Rio+20 é considerado o maior evento realizado
pela ONU (Organização das Nações Unidas) nos últimos anos, pois, à serviço das
potências capitalistas, essa organização, com seus tentáculos, contribui na
difusão da ideia de que o desenvolvimento sustentável e a economia verde
neoliberal é a melhor solução para o desequilíbrio ambiental, resultado da
exploração histórica capitalista das nossas fontes de riquezas naturais .
É clara a atual falência do sistema capitalista e a
hipocrisia de seu discurso do “ecologicamente sustentável”. Dentro do modo de
produção capitalista não há espaço para a preservação do meio ambiente, uma vez
que as leis do mercado são baseadas apenas na obtenção lucro através da corrida
desenfreada para a conquista de mão-de-obra barata e de matéria-prima das
florestas e reservas minerais.
O capitalismo verde é o último suspiro desse sistema que
mais do que nunca se mostra falido para nós, porém que não cairá por si só. O
discurso do desenvolvimento sustentável não passa de uma falácia, para mostrar
ao mundo que se está tentando procurar uma solução para o desequilíbrio
ambiental provocado pelo homem em razão do desenvolvimento capitalista. Dizem
que para isso todos devem ter consciência e agir de modo a evitar impactos
ambientais, não utilizando sacolas plásticas, quando a maioria dos produtos
encontrados no mercado está em embalagens de plástico; separando e reciclando
nosso lixo, enquanto as grandes indústrias despejam lixo radioativo em locais
inapropriados, como mares e oceanos; não depredando a natureza, enquanto
madeireiras destroem a Floresta Amazônica; não jogando lixo nos rios, para não
acabar com sua biodiversidade, enquanto o próprio processo de urbanização
ignorou a importância dos rios preservados, e enquanto navios de petróleo
tombam no mar, acabando com a vida marinha, além da pesca ilegal ser uma
prática mais comum do que se imagina. Essas atitudes por parte da população se
fazem necessárias, claro, mas não serão elas que solucionarão os problemas do
desastre ambiental causado pelo homem. Temos que ir além e revolucionar as
relações de produção, que é o principal agente de todo esse caos.
Se nós não revolucionarmos as relações de produção
capitalistas pelas socialistas para chegarmos ao comunismo, por uma questão de
dignidade de classe, teremos que fazê-lo por uma questão de sobrevivência da
humanidade, pois este sistema chegou a tal ponto que para continuar existindo,
precisa acabar com todo e qualquer recurso que possibilite a produção, para a
obtenção de lucro. Mesmo que para isso, sejam exauridos os recursos naturais, e
consequentemente, a sobrevivência dos seres humanos e animais estejam
completamente comprometidos.
J5J – SP
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