terça-feira, 10 de julho de 2012

Rio+20: o capitalismo veste o verde em seu estado terminal



O Rio+20 foi o evento que mobilizou todo o Brasil, e que reuniu representantes de 193 países. O evento, cuja sede foi na cidade do Rio de Janeiro, tinha como principal objetivo discutir e encaminhar ações em defesa do desenvolvimento sustentável e de uma economia verde para o estado atual do modo de produção capitalista.

Passaram-se 20 anos após a ECO-92, que foi um evento deste mesmo caráter, realizado em 1992, também no Rio de Janeiro, e que previa medidas para conter a destruição do meio ambiente e erradicar a miséria no mundo, porém cujas medidas decididas não foram postas em prática para resolver esses problemas. Com o Rio+20 a história parece se repetir.

O evento foi finalizado com a emissão de um documento sob o título “O Futuro que Queremos”, onde os representantes dos países que participaram da reunião expuseram os problemas ambientais enfrentados mundialmente. Contudo, o evento não foi capaz de trazer medidas práticas para problemas que demandam soluções urgentes, como a erradicação da fome e da miséria – problemas de grandes proporções num mundo onde a produção de alimentos é suficiente para suprir as necessidades de todos os seres humanos. Além disso, as medidas tiradas para pôr em prática o desenvolvimento sustentável, sob os pilares do social, ambiental e econômico, não expressam nenhum comprometimento dos envolvidos.

Mas afinal, o que o Rio+20 tem a ver com o estado terminal do sistema capitalista?
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O sistema capitalista de produção passa por uma crise de paradigma do valor, onde o contínuo avanço da tecnologia, renovando os meios de produção (trabalho morto) toma cada vez mais o lugar da mão-de-obra do trabalhador (trabalho vivo), que é o que atribui maior valor à mercadoria e de onde se extrai a mais-valia. Diante deste fato, fica cada vez mais difícil se mensurar o valor de uma mercadoria, pois este é determinado pelo tempo socialmente necessário de trabalho exercido pelo trabalhador para produzi-la e se cada vez mais usamos tecnologia e máquinas e menos trabalho humano, isto provoca uma crise de paradigma na mensuração do valor, que agora transita entre o tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de uma mercadoria e o tempo de trabalho social livre. Diante desses fatores, a tendência é de contínua queda da taxa de lucro.

Nos países imperialistas, onde os meios de produção estão mais desenvolvidos, a matéria-prima é escassa e a mão-de-obra já não se faz tão necessária dentro das fábricas como antes, a única saída para esses capitalistas é investir na exploração de novas fontes de mão-de-obra, de matéria-prima , explorar novos mercados e estender sua dominação pelo mundo. As grandes potências como os Estados Unidos, Alemanha, Japão e Inglaterra, para manterem seus impérios e monopólios, não adotam medidas de preservação do meio ambiente efetivas, pois isto interferiria no seu processo de produção e significaria uma diminuição na sua taxa de lucro e no seu capital. Por isso, para manter o lucro da produção e seus impérios, recorrem aos países “subdesenvolvidos” economicamente (ou superexplorados), e impõem suas ações se disfarçando com uma roupa verde e utilizando o discurso do “ecologicamente sustentável” de uma economia verde neoliberal.

Sendo assim, o Rio+20 é considerado o maior evento realizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) nos últimos anos, pois, à serviço das potências capitalistas, essa organização, com seus tentáculos, contribui na difusão da ideia de que o desenvolvimento sustentável e a economia verde neoliberal é a melhor solução para o desequilíbrio ambiental, resultado da exploração histórica capitalista das nossas fontes de riquezas naturais .
  
É clara a atual falência do sistema capitalista e a hipocrisia de seu discurso do “ecologicamente sustentável”. Dentro do modo de produção capitalista não há espaço para a preservação do meio ambiente, uma vez que as leis do mercado são baseadas apenas na obtenção lucro através da corrida desenfreada para a conquista de mão-de-obra barata e de matéria-prima das florestas e reservas minerais.

O capitalismo verde é o último suspiro desse sistema que mais do que nunca se mostra falido para nós, porém que não cairá por si só. O discurso do desenvolvimento sustentável não passa de uma falácia, para mostrar ao mundo que se está tentando procurar uma solução para o desequilíbrio ambiental provocado pelo homem em razão do desenvolvimento capitalista. Dizem que para isso todos devem ter consciência e agir de modo a evitar impactos ambientais, não utilizando sacolas plásticas, quando a maioria dos produtos encontrados no mercado está em embalagens de plástico; separando e reciclando nosso lixo, enquanto as grandes indústrias despejam lixo radioativo em locais inapropriados, como mares e oceanos; não depredando a natureza, enquanto madeireiras destroem a Floresta Amazônica; não jogando lixo nos rios, para não acabar com sua biodiversidade, enquanto o próprio processo de urbanização ignorou a importância dos rios preservados, e enquanto navios de petróleo tombam no mar, acabando com a vida marinha, além da pesca ilegal ser uma prática mais comum do que se imagina. Essas atitudes por parte da população se fazem necessárias, claro, mas não serão elas que solucionarão os problemas do desastre ambiental causado pelo homem. Temos que ir além e revolucionar as relações de produção, que é o principal agente de todo esse caos.
 

Se nós não revolucionarmos as relações de produção capitalistas pelas socialistas para chegarmos ao comunismo, por uma questão de dignidade de classe, teremos que fazê-lo por uma questão de sobrevivência da humanidade, pois este sistema chegou a tal ponto que para continuar existindo, precisa acabar com todo e qualquer recurso que possibilite a produção, para a obtenção de lucro. Mesmo que para isso, sejam exauridos os recursos naturais, e consequentemente, a sobrevivência dos seres humanos e animais estejam completamente comprometidos.


J5J – SP



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