Essa matéria foi publicada na Edição 462 do Jornal Inverta, em 23/10/2012
O Brasil cumpre um papel no bloco da
América Latina que resiste às tentativas do imperialismo de uma saída da crise
através de golpes, neocolonização e apresentação de candidaturas reacionárias
que disputam governos para alcançar tais objetivos.
Considerando o caráter plebiscitário do qual se revestem as eleições municipais no Brasil, como já constou em análises anteriores deste editorial, o primeiro turno afirmou a atual correlação de forças e apresentou fatos novos. No primeiro turno o PT e PSB cresceram com 628 e 433 prefeituras respectivamente, PSDB e PMDB perderam prefeituras, passando para 693 e 1025 respectivamente. No segundo turno, ainda há embates importantes, seja em capitais como São Paulo, Salvador, Fortaleza e Belém, ou cidades de grande concentração proletária, como Nova Iguaçu (Baixada Fluminense, estado do Rio de Janeiro), Diadema, Guarulhos, Taubaté e Pelotas, no Rio Grande Sul.
O caráter plebiscitário das eleições municipais expressa um ensaio prévio das eleições gerais, particularmente apontando para a polarização da disputa presidencial. Nesse sentido, os partidos procuram correr por caminhos próprios, por um lado, uns tentando ser alternativa, porém sem a consciência da necessidade e possibilidade na atual correlação de forças nacional, latino-americana e internacional; por outro lado, a base de aliança do governo Dilma é fragmentada por composições que colidem com a aliança nacional que vem sendo construída desde a eleição de Lula em 2002.
Um fato novo a ser considerado é a coligação PSB/PSDB em Belo Horizonte que sugere a hipótese de que as oligarquias estariam experimentando investir no PSB. Pretendem fazer com que o PSB deixe de ser o fiel da balança política do governo nesse chão construído da municipalidade da República Federativa do Brasil? De um modo ou de outro, esses governos atendem algum nível de necessidade superficial e imediata do proletariado, atendimento este que só se efetiva a partir de políticas sociais adotadas desde a primeira eleição de Lula. Para o povo pobre não interessa retroceder nestas mínimas conquistas, pelo contrário, interessa avançar em direção às condições subjetivas para conquista de uma vida social comum, a sociedade comunista, como defendia Che Guevara, recordando a queda em combate do guerrilheiro em 8 de outubro. Contudo, não cabe ilusão de que o Estado burguês não seja, em sua essência, o comitê que execute os interesses da classe dominante e que trate a questão social como caso de polícia, como assistimos na última semana na ocupação “pacífica” da comunidade de Manguinhos, na cidade do Rio de Janeiro, com o assassinato de no mínimo cinco pessoas.
As eleições municipais no Brasil no contexto internacional de crise do capital em certa medida expressa o movimento das oligarquias mais reacionárias de retorno ao governo central. Por sua vez, o resultado das urnas aponta claramente uma rejeição a esse projeto. Cabe às forças progressistas anti-imperialistas atuar no sentido da derrota eleitoral das forças reacionárias, e aos revolucionários a politização deste campo de batalha.
O Brasil, na abertura da sexagésima Assembleia das Nações Unidas, nas palavras proferidas pela presidenta Dilma, desempenhou um papel na defesa política e econômica das nações que estão em contradição com o imperialismo. Em seu discurso, a presidenta Dilma afirmou que podemos “dar passos firmes rumo à consolidação histórica de um novo paradigma: crescer, incluir, proteger e preservar, ou seja, a síntese do desenvolvimento sustentável”.
A posição do Brasil na política internacional articulada às políticas sociais no plano nacional provoca reação das oligarquias incrustadas no aparelho de Estado, visível massiva e indubitavelmente no julgamento da AP 470, chamado “mensalão”. É razoável com a noção de Estado de Direito que alguém seja julgado por opinião sem o recurso jurídico da presunção de inocência? Isso pode acontecer hoje com o sindicalista, o padre, o pastor, o vereador, e o que o cidadão deve dizer: “isso não é comigo?”. A pergunta que não quer calar é: e quando chegar a vez deste cidadão?
Além disso, o Brasil cumpre um papel no bloco da América Latina que resiste às tentativas do imperialismo de uma saída da crise através de golpes, neocolonização e apresentação de candidaturas reacionárias que disputam governos para alcançar tais objetivos. A vitória de Hugo Chávez na Venezuela é uma resposta contundente, soberana e reafirmadora dos ideais de Simon Bolívar que cada vez mais arrebatam corações e mentes do povo pobre, trabalhador venezuelano e latino-americano, e de todos aqueles que se revelam nesses momentos como amigos do povo. Assim se constrói o bloqueio capaz de conter as investidas dos EUA na América Latina. A vitória de Hugo Chávez impulsiona países como Argentina e Bolívia, bem como os demais países que se alinham nesse movimento de resistência à recolonização.
Nos países centrais, não há solução para a crise. Na América do Norte, as dificuldades para a reeleição de Obama são, em parte, pela incapacidade de solucionar a crise. No caso da Europa, a crise se instalou e a tendência é o agravamento como demonstra a situação de Grécia, Portugal, Espanha de forma mais destacada. E este agravamento na Europa é reflexo direto da resistência da Síria que se torna cada vez mais um símbolo de resistência indicando um limite muito concreto da contrarrevolução no Oriente Médio, a política por outros meios - a guerra – a Síria projeto tão somente a expansão do conflito. Já no Extremo Oriente, o crescimento econômico de 8 % da China revela por um lado sua capacidade econômica e politica frente à crise, e, sobretudo, a essência de seu objetivo indiscutivelmente mais voltado para sustentação do desenvolvimento social do seu povo do que para sustentar a crise do capital.
Nesta crise do capital, a perspectiva que se desenha é a formação de blocos de forças, de um lado a onda reacionária no campo político e político por outros meios – a guerra -; e de outro, a resistência dos povos dentro de suas experiências e condições ideológicas, políticas e culturais. Portanto, as tarefas da batalha das ideias e do trabalho para manter a atual correlação de forças são dois pilares de uma posição séria e responsável dos revolucionários no momento histórico.
Viva a Reeleição de Chávez e a
Revolução Bolivariana!
Viva a Resistência do Proletariado em
Todo o Mundo!
Viva a Luta dos Povos!
Viva o Processo de Paz na Colômbia!
Pela Libertação dos Cinco Heróis
Cubanos!
PCML (Br)
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