quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Em razão dos 116 anos de nascimento de Luiz Carlos Prestes a Juventude 5 de Julho e o PCML-Br prestam homenagem a esse herói verdadeiro do povo brasileiro.

  Para além do reconhecimento de uma vida de lutas, enfrentando os maiores inimigos nos terrenos de maior dificuldade, retomarmos a figura histórica de Prestes tem como objetivo principal devolver aos trabalhadores e trabalhadoras sua história de luta que nega a mentira contada por nossos senhores de que fomos sempre pacíficos e submissos e para que tomemos todas e todos os aprendizados obtidos nas muitas batalhas nas quais esse grande homem esteve ligado, para a luta que travamos hoje por nossa libertação.
  Nascido em Porto Alegre em 3 de janeiro de 1898, filho de pai militar e mãe professora, Prestes tinha já em seu histórico familiar pessoas ligadas a luta pelo fim da monarquia e da escravidão. Desde muito novo ingressou no Colégio Militar e depois na Escola Militar onde foi um estudante destacado tanto no desempenhar das tarefas, como aos ser sempre solidário aos seus colegas para que estes também conseguissem cumpri-las até mesmo estudando os conteúdos dos anos seguintes ao seu para prestar ajuda.
  Todos os conhecimentos obtidos com toda a sua dedicação nos estudos na escola Militar de Realengo, onde se formou oficial, não foram encerrados nos simples cumprimentos de suas funções. Desde criança, quando estudava no Colégio Militar presenciou a diferença de tratamento dados aos estudantes ricos, a vida difícil que passava junto a suas irmãs e mãe que tinha vários trabalhos para sustentar como dava a família, as grande dificuldades que passava os oficiais pobres na Escola. Além disso, teve sempre contato, através da grande mulher que fora Leocádia Prestes, sua mãe, leitora assídua dos jornais, com os acontecimentos do país governado pelos senhores do café e das grandes companhias inglesas.
  Foi então o organizador, junto com Siqueira Campos e outros oficiais do levante militar que ficaria conhecido mais tarde como o “O Levante dos 18 do Forte” contra as forças do governo, sendo tramado já a algum tempo e explodindo em resposta a uma provocação de Artur Bernardes que estava para ser eleito presidente através de uma campanha eleitoral fraudulenta e ordenou a um de seus encarregados que comprasse os oficiais do exército, afirmando que todos se vendem, para que não atrapalhassem sua candidatura.
  Esse importante fato histórico do qual só saíram vivos dois oficiais marcou o dia 5 de julho de 1922 e conclamou o dia 5 de julho como data da insubordinação, sendo o pontapé inicial para várias outras que se seguiram trazendo força ainda maior.
  Em 1924, fazendo uso desta data, militares de São Paulo se levantam e tomam as ruas da cidade por aproximadamente 23 dias em combates desigual com os soldados legalistas que defendiam o governo de Artur Bernardes, tendo também o apoio popular de operários das fábricas, depois seguindo para o interior do estado na direção do Paraná.
  Nesse ano Prestes se encontra de volta no Rio Grande do Sul, depois de partir do Rio de Janeiro onde se encontrava desde criança quando seu pai foi transferido para lá. Recuperava-se de uma infecção por tifo que inclusive o impossibilitou de se levantar junto aos tenentes de Copacabana. Lá trabalha como engenheiro no Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo e mais uma vez se destacou junto aos soldados os quais o chamavam carinhosamente de pai por sua solidariedade. Tem destaque seus esforços para alfabetização dos colegas que eram em sua grande maioria analfabeta. Mais tarde 90% daqueles sabiam ler e escrever. Tomava a iniciativa frente os seus superiores reivindicando melhores condições de trabalho, reajustes salariais, denunciando os desvios de verbas. Toda a justeza de suas atitudes fez com que os soldados não hesitassem em seguir Prestes na tomada militar de Santo Ângelo e depois de segui-lo quando fora de encontro aos revoltosos de São Paulo. No encontro dos grupamentos, os paulistas já estão dispostos a abandonar aquela luta depois das derrotas seguidas, quando Prestes os convence a juntarem forças em uma longa caminhada.
  No início, quando os militares liderados por Prestes tomam a cidade gaúcha, o objetivo principal era atrair as forças do governo que se deslocando a cidade reduziriam a resistência aos levantes que estavam para acontecer no Rio de janeiro, onde se localizava a sede do governo da época. Quando tais revoltas foram abafadas na cidade carioca, a posição tomada por Prestes foi de se juntar aos paulistas e prosseguir no sentido do Rio, atravessando o pais, esgotando as forças do exército legalista para que assim eles próprios pudessem derrubar o presidente.
  Tal Marcha veio a se concretizar e mais tarde ficaria conhecida como Coluna Prestes por ter como principal estrategista esse coronel do exército que com seu gênio militar inaugura no Brasil a guerra de guerrilhas, na qual se destaca o movimento constante envolvendo táticas de cercamento, avanços e recuadas de acordo com o posicionamento do inimigo, em oposição a guerra de trincheiras na qual percebe que tem vantagem as forças do governo com munições e combatentes de reposição para combates estáticos. Dessa forma, surpreende os principais chefes militares do período.
  A Coluna percorre entre 29 de outubro de 1924 a 3 de fevereiro de 1927 vinte e seis mil quilômetros se constituindo como a maior caminhada guerrilheira do mundo, inspiração de Mao Tsé Tung para a Grande Marcha, na qual homens de São Paulo e do Rio Grande do Sul e mais tarde homens e mulheres vindo outros estados e países. Percorriam-se diariamente mais ou menos sessenta quilômetros em duros combates, sem grandes armamentos, roupas ou comida, abrindo caminhos e enfrentando diversas doenças, mesmo assim, nos quase três anos de Coluna, não foi perdida uma só batalha.
  Ao cruzar o Brasil de sul a norte, de oeste a leste como chefe do Estado Maior da Coluna, Prestes junto com seus companheiros e companheiras presencia os profundos sofrimentos das trabalhadoras e trabalhadores. Os operários do campo, sob regime semi-escravo, pagando altos impostos, sem condições básicas de saúde e alimentação a mercê dos interesses dos grandes latifundiários e os operários da cidade, sofrendo de maneira parecida, fazem despertar nessa pessoa infinita a consciência de que o problema que antes identificava como advindo do cenário político do país, tem na verdade raízes bem mais profundas, as quais só poderiam ser resolvidas com o rompimento daquelas relações de produção. Sendo assim, o objetivo principal da coluna se desmancha e a Marcha segue em retirada em direção a Bolívia depois de cruzado mais de dez estados brasileiros. Nesse processo arrancou juntos aos seus combatentes a admiração de uma grande massa de pessoas do povo que o viram passar realizando os mais diversos feitos militares combinados com ajudas pontuais àqueles que precisavam, que não tinham o que comer, que estavam jurados de morte por fazendeiros ou que estavam presos por não ter como pagar os impostas e que foram soltas pelas pessoas da Coluna invicta.
  Na Bolívia, Prestes que já abandonara a estratégia golpista, busca nos livros que recebe de seus admiradores a resposta para suas dúvidas de como prosseguir em uma luta efetiva, verdadeiramente revolucionária para resolução dos problemas enfrentados pelas trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Com apoio de figuras de outras países que se aproximam dele quando está no exílio, como é o caso do comunista argentino Rodolfo Ghioldi, tem contato com a filosofia marxista na qual encontra as respostas para seus questionamentos. Tem contato, por exemplo, com o livro “O Estado e a Revolução” no qual Lenin expõe que o caráter que tem o Estado em uma sociedade de classe é de opressão da classe dominante classe dominada e mostrando que só uma Revolução com apoio da classe trabalhadora poderia tirar do poder a burguesia, classe dos grandes latifundiários e capitalistas industriais.
  Então, em 1931 Prestes anuncia sua adesão ao Partido Comunista do Brasil. Sua entrada para o partido foi solicitada a direção do mesmo pela Internacional Comunista – órgão internacional de reunião e determinações tomadas por representantes dos trabalhadores do mundo e na qual Prestes se torna membro da Executiva representando o Brasil – e junto aos demais camaradas trabalha na construção de um grande movimento de massas, com o dinheiro que recebeu de Getúlio Vargas quando este o tentou subornar para apoiar o seu golpe, do qual Prestes não pegou nenhum centavo para si, empregando-o na construção da ANL – Aliança Nacional Libertadora que juntou mais de um milhão e meio de membras e membros e que constitui mais de mil e quinhentos núcleos por todo o Brasil no ano de 1935. Prestes é chamado pelos membros e membras a ser o presidente do movimento.
  Esse grande exemplo de comoção das massas trabalhadoras foi a pouco expandindo suas forças como nunca antes visto e apoia, depois que trabalhadores iniciam uma greve geral no local, a tomada do poder da cidade de Natal no estado do Rio Grande do Norte que institui por quatro dias um governo revolucionário-democrático que é apoiado pelo 3º Regimento de Infantaria e a Escola de Aviação no Rio que se levantam combatendo o exército de Vargas numa tentativa de tomada do poder que fracassa depois da repressão recebida e a insuficiente preparação do revolucionários. Depois dos levantes, os membros da ANL – que já tinha sido colocada na ilegalidade tempos antes, foram duramente perseguidos. Frente a isso Prestes faz um grande esforço para manter as bases da aliança reestabelecendo contato com os companheiros que não foram presos.
  Infelizmente em 1936 Prestes é preso, o que resultou na destruição gradual da ANL. Porém a importância do movimento deixa suas marcas na luta antifascista em nosso país desestabilizada quando o Partido Integralista foi colocado na ilegalidade por pressão da organização. Deixou sua marca também na tradição de luta que influencia muitos movimentos que se seguirão.
  Inicia-se então uma campanha internacional para a soltura dos presos, principalmente de Prestes. Destes esforços é publicada a Biografia escrita por Jorge Amado com o nome dado pelo povo ao ex-general: O Cavaleiro da Esperança. Soma-se essa obra aos vários livros escritos no mundo de pessoas que conviveram com ele ou que conheceram sua história. O Cavaleiro passa vários anos de sua vida na Solitária do presídio de Brasília e quando é solto em 1945 recebe a notícia de que sua companheira Olga Benário fora entregue grávida a Gestapo – polícia nazista. Mesmo com todo o sofrimento, retoma seus contatos com o PCB e em nome da tática adotada por seu partido defende a candidatura de Getúlio, aquele que entregou sua companheira para morrer nas Câmaras de Gás, em seu discurso pronunciado no Estádio do Pacaembu em São Paulo, assistido por milhares de pessoas que saúdam seu herói.
  Nos anos seguintes, quando o PCB contou com um curtíssimo período de legalidade Prestes é eleito Senador com a maior porcentagem de votos na história das eleições no Brasil e através desse cargo vai ter um papel decisivo na Assembleia Constituinte ao lado da bancada comunista, a qual pode ser atribuída todo o caráter popular e democrático da Constituição de 46. Além disso, após sua soltura são engrossadas a fileiras do Partido para duzentos mil membros que no tempo em que estava na prisão não passavam dos três mil. O PCB se constitui então como o maior partido comunista do continente de forma a fortalecer a organização em sua tática e tirando da figura individual de Prestes os rumos do movimento passando-a ao partido, como era do interesse do Cavaleiro da Esperança.
  Em 47 volta o partido a ilegalidade, e assim, permanecerá até anos depois do fim da ditadura civil-militar. Quando em 64 toma o governo os setores mais reacionários das forças armadas, a estratégia adotada pelo Comitê Central do PCB, do qual Prestes é Secretário-geral, que um terço de teus membros seja mandado ao exterior. A análise feita foi que a estratégia tomada pelo movimento comunista no Brasil fora equivocada e que infelizmente nem o Partido nem outro agrupamento tinha força e base para enfrentar a ditadura, o que se mostrou verdadeiro com o aniquilamento de todas as lutas guerrilheiras que se levantaram nos 25 anos em que perduraram os governos militares desde 64.
  Com a anistia, volta Prestes da União Soviética onde esteve exilado e passa a trabalhar pela reformulação da estratégia a ser adotada pelos comunistas. Discorre em entrevistas, discursos, documentos sobre a errônea análise que se fazia da realidade brasileira que consistia em afirmar que o Brasil era um país semi-colonial e semi-feudal e que para se chegar ao socialismo tinha que se passar por uma revolução democrático-burguesa, meta da maioria dos comunistas desde a formação do Partido. Assume sua parcela de culpa fazendo a autocrítica, assim como o fez nos tempos da Coluna, inclusive afirmando sua influência no fracasso da ANL que adotava o caráter de Movimento de Libertação Nacional que colocava como bandeira de luta a oposição entre a Nação e o imperialismo no lugar da real oposição necessária a ser reconhecida pela classe revolucionária em um país capitalista desde o século XIX que é a oposição proletariado e burguesia.
  Organizador no Levante do Forte de Copacabana, General da Coluna, Presidente da Aliança Nacional Libertadora, Membro da Executiva da Internacional, Secretário-geral do Partido Comunista do Brasil, fundador da OPPL, contar a história de Luiz Carlos Prestes é contar a história da Pátria em sua luta pela libertação de seus filhos e suas filhas que dia-a-dia a constrói mas que são roubados por seus patrões. É contar a história de um povo na luta contra a entrega das riquezas da Pátria ao capitalismo estrangeiro. É contar a história de um povo que só terá seu porto de descanso na Pátria Comunista.
Tu choraste um dia, negra, quando alguém que nos era caro se vendeu, vestiu ele também sua camada de lama. Durante um momento perdeste a confiança e desejaste morrer já que tudo era tão podre e tão vil. E então eu te prometi contar a história do Herói, aquele que nunca se vendeu, que nunca se dobrou, sobre quem a lama, a sujeira, a podridão, a baba nojenta da calúnia nunca deixaram rastro. E como ele é o próprio povo sintetizado num homem, é certo que o povo não se vendeu, nem se dobrou. Com ele o povo está preso e perseguido, ultrajado e ferido. Mas, com ele o povo se levantará, uma, duas, mil vezes, e um dia as cadeias serão quebradas e a liberdade saíra mais forte de entre as grades. “Todas as noite tem uma aurora” disse o poeta do povo (Castro Alves),amiga, em todas as noites, por mais sombrias, brilha uma estrela anunciadora da aurora, guiando os homens até o amanhecer. Assim também, negra, essa noite do Brasil. Tem sua estrela iluminando os homens. Luiz Carlos Prestes. Um dia o veremos na manhã da liberdade e quando chegar o momento de construir um dia livre e belo, veremos que ele era a estrela que é o sol: luz na noite, esperança, calor no dia, certeza.”
Jorge Amado – O Cavaleiro da Esperança

SEGUE ABAIXO VÍDEO DE UMA ATIVIDADE FEITA EM HOMENAGEM AO CAVALEIRO DA ESPERANÇA:

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