domingo, 17 de junho de 2012

Greve nos setores do ensino público superior no Brasil: a luta é contra a estrutura do sistema

No dia 17 de maio de 2012, os servidores de 33 universidades federais entraram em greve em defesa de maiores investimentos públicos nas estruturas de ensino. A paralisação que se mantém por falta de respostas positivas do governo já soma mais de 50 unidades, entre universidades e centros técnicos federais, reiterando a pauta de reivindicações que entre outras questões, trata de melhorias nas condições de trabalho, contratação e salários. A greve faz parte de um longo histórico da lutas pelo fim da precarização do Ensino publico no Brasil e abre espaço para que seja colocado o assunto em debate.

Em 2007, foi implementado o REUNI, plano de ampliação e acesso ao Ensino Superior. O projeto traz em suas linhas dotar os campi de meios para a realização de tais fins, porém, o que vimos na prática foi apenas uma ampliação quantitativa das unidades, pois, tanto os campi criados, quanto os já existentes, apresentam graves falhas em suas estruturas. A exemplo disso temos o campus da UNIFESP, em Guarulhos, inaugurado em 2007 de acordo com o plano de extensão, que ao não possuir o número de salas suficientes, teve que utilizar salas do prédio ao lado para comportar o número crescente de estudantes, prédio este projetado para ser um Ceu (Centro de Estudo Unificado). O Campus também possui ainda hoje o restaurante universitário mais caro entre as universidades públicas e não possui moradia para os estudantes. A UNIFESP compõe a lista de campus em greve e na quinta-feira do dia 14/06, sofreu a entrada da Polícia Militar que com a truculência de sempre quando o assunto é mobilização popular, violentou estudantes que faziam uma manifestação frente ao prédio da diretoria, além de levar 26 deles detidos.

  
O ao analisarmos o REUNI, enquanto projeto, veremos a seguinte afirmação: “Os desafios do novo século exigem uma urgente, profunda e ampla reestruturação da educação superior que signifique, no contexto democrático atual, um pacto entre governo, instituições de ensino e sociedade, visando a elevação dos níveis de acesso e permanência, e do padrão de qualidade.” Porém o que é necessário observarmos e refletirmos é que o problema do ensino publico no Brasil está para além da troca de cadeiras no governo, pois mais determinante do que o momento político que o país atravessa, democracia burguesa, são as relações de produção que nele são determinantes e que justamente determinam a estrutura política. Dentro das relações capitalistas de produção em um âmbito mundial, no contexto de divisão internacional do trabalho, o Brasil se coloca na posição de produtor de commodities (petróleo, biocombustível , soja, minério de ferro, etc.). E a educação, como criadora do ser social para uma sociedade determinada, é organizada para reproduzir a estrutura econômica de um país de capitalismo dependente, longe de ter o intuito de ser produtor de grandes cérebros.

Porém, o papel de todos aqueles comprometidos com a criação de uma nova sociedade é a de se adiantar frente a esse processo, de se colocar como criadores do ser social para a superação dessas contradições que façam frentes a todos os seus abusos. Nesse sentido, é necessária a organização de todos os verdadeiros produtores da riqueza social, onde se insere também os educadores, porém, projetando não somente pequenas reformas, mas a superação das estruturas de exploração do sistema capitalista que aportem na sociedade justa e onde exista igualdade de direitos para tod@s.

Todo o apoio a greve do servidores e estudantes das universidades e centros técnicos federais!


J5J-SP

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